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12 de Setembro

14.09.21

(...)

A compreensão da carência psicológica é de vital importância. É imprescindível a satisfação das necessidades básicas de alimento, roupa e abrigo. Mas, existirão outras necessidades? Ainda que presos no conjunto das exigências psicológicas, questionamos-lhe a validade. Será inevitável vivermos sob a pressão constante das exigências de sexo, da busca de preenchimento, da compulsória ambição, da inveja, da avidez? Através dos tempos, o homem fez disso a sua vida e esse padrão de existência é exaltado pela sociedade e pela igreja. Condicionados que somos, aceitamos esta maneira de viver, resistindo debilmente à correnteza, fracos e amedrontados. E a fuga tomou o lugar da realidade. As carências interiores constituem um mecanismo de defesa perante um desafio de significado mais profundo. A busca de preenchimento, a necessidade de ser alguém brotam do medo do desconhecido. A identificação com um país, um partido ou crença, como forma de auto-preenchimento, é fuga da própria nulidade, do vazio, da solidão e das actividades egocêntricas. São inúmeras as exigências psicológicas que se multiplicam e constantemente se renovam. Eis porque todo o desejo é contraditório e premente.

O desejo é inevitável; variam os objectos do desejo, mas o desejo está sempre presente. Débil ou forte, controlado, torturado, negado, aceite, reprimido, livre ou aniquilado, ele está sempre lá. Que há de errado no desejo? Qual o motivo dessa guerra constante? Mesmo causando desordem, sofrimento, dor, não conseguimos dominá-lo. Compreendê-lo sem desfigurá-lo através da repressão ou disciplina, é entender as exigências psicológicas. Essas exigências e o desejo são inseparáveis, bem como o desejo de preenchimento e a frustração. A essência do desejo é o conflito, e é falso classificá-lo como nobre ou vil. Do eremita ao líder político, todos somos consumidos pela voracidade do desejo. Na compreensão das exigências físicas e psicológicas, ele deixa de ser uma tortura. Então, transforma-se, ao superar o conteúdo do pensamento e do sentimento, a sua carga de emoções, mitos e ilusões. Dessa compreensão, a tortura do desejo se transforma na chama da vida criadora, na qual se consome toda a mesquinhez humana. Nessa chama estão contidos o amor, a morte e a beleza, cuja infindável energia é a própria vida.

Krishnamurti, Diário de Krishnamurti

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