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Coisa extraordinária é a mente, que contém o cérebro, o pensamento, o sentimento e o variado mundo de emoções e fantasia. Não é este conteúdo que forma a mente total, pois, em verdade, ela transcende o que contém. No entanto, o conteúdo não tem existência própria, porquanto ele existe em função mesmo da mente. O intelecto, o pensamento, o sentimento e a consciência nascem do vazio da mente. A árvore não é a palavra que a designa, não é as folhas, os galhos ou as suas raízes; é o conjunto desses elementos que forma a árvore, e esta, por sua vez, nada tem a ver com as suas partes componentes. O conteúdo mental é um atributo da mente, que em si é o vazio, mas não é a própria mente. O tempo e o espaço vicejam nesse vazio. A vida e seus inumeráveis problemas formam o conteúdo do cérebro. Limitado por natureza, o cérebro é incapaz de apreender a vastidão da mente, porque o todo não é a soma das partes. No entanto, contrariamente a este princípio, o cérebro busca formar o todo através da união das partes que se contradizem.
A actividade da memória, a acção baseada no conhecimento, o conflito dos desejos opostos, a busca de liberdade estão dentro dos limites do cérebro. Por mais que ele aprimore, amplie ou acumule ps seus desejos, a dor jamais cederá. Enquanto o pensamento for mera reacção da memória e da experiência não haverá fim para o sofrimento. Existe um “pensar” oriundo do completo vazio da mente; por ser destituído de centro, este vazio é a acção do infinito. Daí surge a verdadeira criação, diferente da criação humana. O amor e a morte são esse vazio criador.
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Krishnamurti, Diário de Krishnamurti