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0 sol inundava de luz o pequeno bosque do outro lado da estrada; manhã suave de temperatura amena. Quanta variedade de cores, quanta sombra no arvoredo palpitante de vida, em postura de aparente expectativa. Muito antes de raiar o sol, no absoluto silêncio da madrugada, a meditação era um movimento abençoado; sem princípio ou fim, num fluxo incessante, ela desaguava no desconhecido e extravasava em todas as direcções. Havia nessa bênção inconcebível profundidade, a paz da imensidão. Era a paz que desconhecia o conflito, não tendo sido jamais contaminada pelo pensamento ou pelo tempo. Não era a paz da morte sem retorno, mas havia nela a qualidade vital do risco absoluto, do perigo iminente, da ausência de defesa. Qualquer forma de resistência ou concessão conduz à violência. Não era a paz criada pelo conflito, pois transcendia todo o conflito e opostos. Tão-pouco resultava do desejo de satisfação e do descontentamento, que contêm o germe da decadência e da deterioração.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti