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... Estranho e penetrante silêncio perpassava-nos o ser; isento de qualquer onda de movimento, ao caminharmos, dele fazíamos parte, sentíamos a sua presença a ponto de respirá-lo. Não que aquilo fosse um truque mental, não que o experimentássemos, mas o silêncio simplesmente existia e nós pertencíamos a ele. 0 pensamento apto a experimentar, lembrar, acumular, estava ausente. Não estávamos dele separados para observar e analisar. Era só o que existia, e nada mais. Cronologicamente, o tempo havia passado e já era tarde; o milagre do silêncio estendeu-se por cerca de meia hora, mas isto nada significava, pois o tempo não existia. E foi com ele que retornámos à penumbra do quarto, passando pelo antigo poço, pela aldeia e pela estreita ponte. Juntarnente com o silêncio veio aquela coisa singular e poderosa. O amor não é a palavra nem o sentimento; ele estava lá com a inabalável força e a fragilidade de um broto de árvore, facilmente destrutível. (...)
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti