Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


28 de Agosto

01.08.21

(...) A matéria é permeável, pode ser fragmentada, diluída, pulverizada; o pensamento e o sentimento têm certo peso; podem ser medidos, alterados, destruídos e até mesmo desaparecer. Mas não era uma projecção do pensamento e muito menos matéria aquela força inviolável. Não se tratava de uma ilusão nem de uma fantasia projectada por um cérebro ávido de poder. Nenhum cérebro seria capaz de conceber
tal força, tamanha solidez e vibração, que simplesmente existiam. Há paixão quando não há nenhuma exigência interior. Roupa, abrigo e alimento são necessidades básicas de sobrevivência, não exigências psicológicas. Estas traduzem-se nos secretos desejos e anseios que conduzem ao apego. 0 sexo, a bebida, a fama,, a idolatria, com toda a sua complexidade; o desejo de auto-preenchimento, seguido da inevitável ambição e frustração; a busca de deus, da imortalidade. Todas estas formas de íntimas exigências geram o apego, que é a origem do medo, do sofrimento e da dor da solidão. A necessidade de auto-expressão através da música, da literatura, da pintura ou de um outro meio qualquer conduz ao desesperado apego ao meio. O músico que utiliza o seu instrumento para alcançar a fama, a glória, deixa de ser um músico; ele não ama a música em si, mas sim o lucro que ela lhe proporciona. Utilizamos uns aos outros de acordo com as nossas necessidades e enfeitamos esta mútua exploração com palavras melodiosas; e disso emana desespero e interminável sofrimento. Apelamos para Deus como refúgio, protecção ou um remédio qualquer, e assim, a igreja, o templo, com seus sacerdotes, adquirem enorme significado, quando na realidade não têm nenhum. A fim de satisfazer as nossas íntimas necessidades psicológicas, fazemos uso de tudo, das máquinas, das técnicas, sem que tenhamos amor a elas.

Só existe amor quando não há nenhuma forma de utilização e dependência. As exigências psicológicas, com a sua inconstância e eterna busca, que levam à substituição de uma dependência por outra, de uma crença por outra, de um compromisso por outro, é a própria essência do “eu”. Adoptar uma ideia, um método, ou um dogma, ou pertencer a alguma seita, é a origem e a essência do eu, que assume a forma de altruísmo. É isto um disfarce, uma máscara. Ao libertar-se das exigências psicológicas, atinge o homem a maturidade. Dessa liberdade nasce uma paixão livre de motivo ou busca de recompensa.

Krishnamurti, Diário de Krishnamurti

Autoria e outros dados (tags, etc)



Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D

Mais sobre mim

foto do autor