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A força do desconhecido espraiava-se, suavemente, por todo o vale, como um véu transparente de chuva ou o sopro da brisa fresca. Sem ser um produto do pensamento ou da imaginação, ou um sentimento, era um estado que extravasava do íntimo para o mundo exterior, no fluxo incessante de renovado vigor e surpreendente alegria. Aquela imensidão transcendia os limites do conhecido, que deve cessar para que exista o desconhecido. Tão-pouco se tratava de uma experiência, pois o acto de experimentar emana do conhecido. Claro indício de imaturidade só se pode classificar de experiência ou vivenciar algo que já tenha sido vivido. Mas era impossível experimentar o incognoscível, que floresce do absoluto vazio da consciência. Ausente o processo mecânico do pensar e sentir, há o natural esvaziamento de todo o conteúdo cerebral. E lá estava a bênção, dentro e fora de nós, inundando o vale, os montes e a terra!
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Meditar não é seguir um padrão rígido de comportamento ou a prática de um método ou sistema; esse eterno movimento dentro dos limites do tempo conduz à deterioração da mente e é fonte de desespero e ilusão. Na total quietude da madrugada, os pássaros não haviam ainda acordado e as folhas do arvoredo nem sequer se moviam. A meditação brotava do desconhecido e prosseguia cada vez mais pujante e veloz; tornava o cérebro silencioso, esvaziando-o de todo o pensamento e sentimento, varrendo qualquer vestígio do passado. Dir-se-ia uma intervenção cirúrgica sem a presença do cirurgião; ela prosseguia com a presteza do bisturi que busca extirpar o câncer maligno, eliminando o tecido contaminado para que não se alastre a moléstia por todo o organismo. Prolongando-se por exactamente uma hora, a meditação era destituída de um centro avaliador que não cessa de interferir com a sua ignorância e vaidade, com a sua ambição e avidez. E este núcleo é o próprio pensamento nascido do conflito e da dor. O fim do pensamento é o princípio da meditação.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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A ilusão surge quando a realidade perde o seu significado, quando a mente, embotada e insensível, por ter sucumbido às influências e aos hábitos e por estar sempre em busca de segurança, se torna indiferente perante a real beleza do mundo que nos cerca. A busca de segurança através da fama, das relações ou do conhecimento destrói a sensibilidade e concorre para a deterioração. A flor, os montes e o mar revolto, bem como as bombas nucleares, são alguns dos desafios da existência, e apenas a mente sensível é capaz de responder com precisão às questões fundamentais da vida. Esta resposta tem de ser completa e definitiva para que desapareçam as marcas do conflito.
Os chamados santos e “sanyasis” muito têm concorrido para empobrecer a mente e para destruir a sensibilidade. É possível requintar ou aperfeiçoar os hábitos, os padrões repetitivos do pensamento, os ritos, fortalecidos pela crença e pelo dogma, e as reacções sensoriais, mas a lucidez e a sensibilidade fogem ao critério estabelecido pela tradição. Sem sensibilidade é impossível haver o movimento penetrante da compreensão dos mais íntimos recessos da consciência. Esse movimento não exprime uma reacção ao impulso de exteriorizar. A exteriorização e a interiorização formam um só e inseparável processo. Fragmentá-lo é gerar insensibilidade. Sendo natural consequência uma da outra, a interiorização possui uma acção própria e esta, ainda que se manifeste externamente, não é reacção da exteriorização. A sensibilidade consiste na lúcida percepção desses factos.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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Após o leve jantar, falávamos de diversos assuntos relacionados com a escola, das suas necessidades, da dificuldade de se encontrarem bons professores, da seca e de outras coisas. Enquanto a conversa prosseguia, a imensidão daquela bênção surgiu inesperadamente à nossa frente; imobilizados pela sua força devastadora, os nossos olhos eram capazes de vê-la, o corpo de senti-la e o cérebro de percebê-la sem a interferência do pensamento. Naquele ambiente descontraído, algo de extraordinário acontecia, que se prolongaria por toda a noite, mesmo após a hora de nos deitarmos. Bênção arrazadora, aquele raro fenómeno simplesmente existia, indiferente a qualquer forma de crítica ou avaliação. Facto inédito, sem conexão, no passado ou no futuro, era inacessível ao pensamento e nada representava em termos de ganho ou de lucro pessoal. Mas, por ser gratuita, dela jorrava a imensidão do amor e da beleza. Assim como a chuva é indispensável à terra, sem aquela bênção, nada existe.
O tempo é uma ilusão; mas não o tempo cronológico, que é uma realidade. Por depender do tempo para efectivar a transformação interior, o pensamento enreda-se num círculo vicioso, porque, então, realmente não ocorre transformação nenhuma, já que a transformação por ele projectada é apenas a continuidade modificada do que existiu. Desta maneira, o pensamento se torna lerdo, indolente, protelando sempre a acção, por acreditar no processo gradual do tempo e nos ideais. O tempo deve simplesmente findar para que ocorra a mutação. Ela só se realiza ao negarmos o hábito, a tradição, as reformas, os ideais e todas as coisas transitórias. Vem a mutação ao negarmos completamente a ideia do tempo. Refiro-me à verdadeira mutação, não à mera troca de padrões ou a pequenas alterações introduzidas nos moldes existentes. Sem dúvida, o tempo é necessário, por exemplo, na aprendizagem de uma técnica. E seria absurdo negar a necessidade do tempo para irmos de um lugar para outro, mas todas as suas outras modalidades são ilusórias. O estado de atenção, como factor essencial da mutação, gera uma acção nova, que não se transforma em hábito, na repetição de uma sensação, de uma experiência, ou de um conhecimento; tudo isto embota o cérebro, tornando-o insensível e incapaz de sofrer uma mutação. A virtude não é consequência da escolha de determinado hábito, ou de uma conduta mais correcta. Livre de restrições, ela é despojada de qualquer padrão de respeitabilidade e nega toda a forma de ideal. De acção revolucionária, a virtude é o risco constante, a força devastadora do amor, a consciência livre e plena.
Krishnamurti. Diário de Krishnamurti
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O requinte nada tem em comum com a sensibilidade: enquanto esta revela um estado de integração, aquele equivale a um fragmento. A sensibilidade é uma só: ou exprime a totalidade do nosso ser, de um estado de consciência plena, ou simplesmente não existe. Inútil é o seu cultivo lento e paciente ao longo dos anos, pois ela não resulta da experiência ou do pensamento; tão-pouco é a expressão de um estado emocional. Sem os excessos do romantismo e da fantasia, ela tem a qualidade do equilíbrio e da precisão. Somente os sensíveis podem encarar o real sem se enredarem em conclusões, opiniões e interpretações. Somente eles podem permanecer sós com a acção demolidora da solidão. Ao cessar de buscar o prazer, o ente sensível atinge a austeridade da compreensão e da lucidez. O prazer faz parte do requinte e este depende da educação, da cultura e do ambiente. Não há fim para o processo do refinamento; por resultar da escolha, do conflito e do sofrimento, existe sempre aquele que selecciona, a entidade que busca requintar-se, o ser que discrimina e exclui, nascendo daí a eterna dor. O refinamento leva ao isolamento, à indiferença e à fragmentação, frutos da actividade intelectual. Ainda que tenha elevado valor estético e moral, o requinte decorre do egocentrismo. Fútil e superficial, ele pode ser motivo de prazer e satisfação, mas falta-lhe a genuína alegria e profundidade. De facto, sensibilidade e refinamento em nada se assemelham; enquanto este conduz à morte pelo isolamento, aquela é a dádiva da vida plena.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
(...) a meditação, ao amanhecer, no quarto estranho, revelava o esplendor da luz na presença daquela coisa singular. De novo, vislumbrava-se a paz verdadeira, a paz sem artifícios, não aquela preconizada por políticos e sacerdotes, ou a acalentada pelos contentados; a sua vastidão, inacessível ao pensamento ou ao sentimento, transcendia o tempo e o espaço. Concreta como a terra e todas as coisas que a povoam, ela continha e transcendia o universo. Para que a paz se torne real é preciso que o homem, tal como é, deixe de existir.
O tempo repete incessantemente os seus desafios e seus problemas, em que as reacções e respostas visam apenas ao presente imediato. Fica-se enredado no desafio imediato e na maneira mais rápida e eficiente de resolvê-lo. A pronta resposta ao desafio do presente faz parte do materialismo, com os seus problemas insolúveis e agonias intermináveis; o intelectual reage com acções baseadas em ideias, de raízes profundas no tempo, no imediato, e os insensatos, deslumbrados, seguem-no; o representante da religião, que depende da propaganda e da crença, responde ao desafio com a sua bagagem cultural; os demais agem de acordo com o gosto, a tendência, o preconceito ou a esperteza de cada um. E todo o gesto seu ou argumento perpetua o desespero, a dor, a confusão. E isso não tem fim. Abandonar o conjunto destas reacções não resolve o problema. Não adiante negá-lo, aceitá-lo, criticá-lo, racionalizá-lo ou até mesmo eliminá-lo, denominando-o ilusão ou maya. Nada disso traz a libertação do sofrimento. A interminável série de desafios e respostas deve cessar, para que do vazio criador surja a resposta verdadeira às solicitações imediatas, que talvez seja a ausência de reacção. Toda e qualquer manifestação do pensamento e da emoção serve apenas para prolongar o desespero e agonia de problemas insolúveis; a resposta definitiva transcende o imediato.
A esperança, a vaidade e a ambição emanam do imediatismo, do presente ou do futuro, e é esta a trajectória do sofrimento. A resposta imediata ao desafio jamais nos liberta do sofrimento, que finda ao percebermos este facto.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
0 sol inundava de luz o pequeno bosque do outro lado da estrada; manhã suave de temperatura amena. Quanta variedade de cores, quanta sombra no arvoredo palpitante de vida, em postura de aparente expectativa. Muito antes de raiar o sol, no absoluto silêncio da madrugada, a meditação era um movimento abençoado; sem princípio ou fim, num fluxo incessante, ela desaguava no desconhecido e extravasava em todas as direcções. Havia nessa bênção inconcebível profundidade, a paz da imensidão. Era a paz que desconhecia o conflito, não tendo sido jamais contaminada pelo pensamento ou pelo tempo. Não era a paz da morte sem retorno, mas havia nela a qualidade vital do risco absoluto, do perigo iminente, da ausência de defesa. Qualquer forma de resistência ou concessão conduz à violência. Não era a paz criada pelo conflito, pois transcendia todo o conflito e opostos. Tão-pouco resultava do desejo de satisfação e do descontentamento, que contêm o germe da decadência e da deterioração.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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O facto de ter as suas raízes na memória determina o reduzido alcance do pensamento. Ao desejar transcender os seus próprios limites, ele se torna meramente especulativo, fantasioso e destituído de significado. É vedado ao pensamento descobrir algo além dos seus limites temporais. E, ainda que decifre o seu próprio enigma, ele é incapaz de penetrar nos mistérios da meditação. Esta, para existir, depende do findar do pensamento. (...)
O cérebro é um instrumento de surpreendente sensibilidade. Incansável na sua actividade de captar, registar, interpretar e acumular impressões, ele não pára jamais de funcionar. Herdando do animal o instinto de sobrevivência e a busca de segurança física, o cérebro tomou-os como base de todas as suas actividades e projecções, tais como deus, a virtude, a moral, a ambição, os desejos, as exigências e os ajustamentos. Por ser extremamente sensível, o cérebro, com a sua capacidade de pensar, passa a dedicar-se ao cultivo do tempo, do passado, do presente e do futuro. Com isto, ele tem a oportunidade de adiar a acção, de buscar a satisfação, de perpetuar-se através da busca do ideal e do preenchimento. Daí nasce a dor, a fuga na crença, no dogma, no misticismo, em toda a actividade e nas múltiplas formas de entretenimento. A morte e o medo estão sempre presentes, obrigando o pensamento a buscar alívio e refúgio nas crenças, na esperança e nos conceitos, racionais ou irracionais. A verbalização e as teorias adquirem grande importância, servindo de base ao quotidiano e suscitando sentimentos e pensamentos condicionados. Por mais que se julgue profundo, o pensamento actua num âmbito bem estreito da vida. Seja ele hábil, seja experiente ou erudito, o pensamento é superficial. Como parte do todo, o cérebro, com a sua incessante actividade, valorizou-se demais perante si mesmo e dos restantes fragmentos. Por serem a desintegração e a contradição suas características essenciais, é ele incapaz de perceber o todo. Acostumado a reagir e a pensar em termos de opostos, o cérebro vive até hoje no conflito, na confusão e no sofrimento.
O pensamento não pode compreender a vida integral. Essa compreensão nasce da absoluta imobilidade do cérebro e do pensamento, sem estar ele adormecido, embotado, pela disciplina e compulsão, ou hipnotizado. Extraordinariamente sensível, o cérebro pode permanecer imóvel e quieto sem que isto implique perda de sensibilidade ou capacidade de penetração. Surge o insondável mistério do incognoscível quando o tempo e a medida cessarem de existir.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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Ontem, ao entardecer, a “coisa” singular veio de repente numa sala que dava para uma rua de tráfego intenso; a pujante beleza daquele estado desconhecido extravasava os limites do aposento, o tráfego ruidoso, os jardins e as colinas distantes. Grandiosa e impenetrável, a sua presença permaneceu viva a tarde toda e, mesmo à hora de nos deitarmos, quando se tornou insistente a bênção da imensa plenitude. Diferente a cada aparição, exibindo sempre algo de novo, uma qualidade inédita, uma nuance subtil, ou um detalhe original antes não observado, aquele estado era inacessível ao pensamento, à formação de hábitos, ao processo acumulativo de memorização e análise. Provinha da ausência do tempo necessário ao acto de experimentar e da imobilidade do cérebro em que cessava toda a forma de pensar.
Eternamente presente, a sua intensa e vital energia fluía espontaneamente, sem atrito, sem esforço ou direcção. A sua intensidade, de tão forte, tornava inúteis as tentativas do pensamento e sentimento em ajustá-la às suas fantasias, crenças, experiências e exigências. Apesar de abundante e inesgotável, costumamos utilizar aquela energia e dar-lhe uma direcção, afeiçoando-a à nossa vontade, ou deformando-a segundo o nosso padrão de vida, o nosso grau de experiência e conhecimento. O que destrói aquela energia é a ambição, a inveja e a avidez, origem de todo o conflito e sofrimento; a sua força é prejudicada pela cruel ambição, individual ou colectiva, origem do ódio, do antagonismo e do conflito. Ao motivar uma acção, a inveja corrompe essa energia, trazendo consigo a insatisfação, a dor, o medo; o medo vem acompanhado do sentimento de culpa, da ansiedade e das aflições oriundas da comparação e do desejo de imitar. O padre e o general, o político e o ladrão resultam da distorção dessa mesma energia. Esta ilimitada energia, fragmentada pelo nosso desejo de segurança e continuidade, é o solo fértil da futilidade, da competição, da crueldade e das guerras. Essa fragmentação é que ocasiona o eterno conflito entre os homens.
Ao superarmos essas coisas, com naturalidade e sem esforço, vislumbra-se a imensidão dessa força, que floresce na liberdade. Uma vez livre, ela deixa de causar conflito e dor. Cada vez mais abundante, torna-se ela a própria vida, que não tem princípio ou fim; essa energia é a própria criação, que nasce do amor e da destruição.
Aquela energia, se dirigida, só traz conflito e dor; mas da sua integração vem o êxtase do infinito.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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Antes da aurora, a meditação revelava a grandeza do desconhecido, isso que só pode ocorrer mediante a destruição do passado. A meditação é a explosão da compreensão, cuja essência é o autoconhecimento, que difere do processo acumulativo de saber. A acumulação de conhecimento é um empecilho ao acto de aprender, sempre no presente, de momento a momento, e que irrompe na meditação.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti
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A noite já ia alta quando a meditação invadia e transcendia os espaços do cérebro. Ela não significa conflito, a luta entre o que é e o que deveria ser; livre do controlo, movimento algum perturbava aquele estado. A contradição entre o pensador e o pensamento estava ausente, pois nenhum dos dois existia. Restava apenas o ver, sem o observador, cuja acção brotava do inexplicável vazio. A relação entre causa e efeito conduz à inactividade, isso que em regra denominamos acção.
Estranha coisa o amor, que se tornou tão respeitável: o amor a deus, o amor ao semelhante, o amor à família. Primorosamente demarcado como sacro e profano, como dever e responsabilidade, como disciplina e sacrifício, tanto os padres como os generais, ao planearem as guerras, invocam o amor. Os políticos e as donas-de-casa sempre se queixam dele. O ciúme e a inveja alimentam o amor, que serve de prisão a toda a forma de relacionamento. Ele está nas écrans dos cinemas, nas páginas das revistas, e cada estação de rádio e televisão o apregoa. Ao findar o objecto do amor, surge a foto emoldurada na parede, ou a imagem cultivada pela memória ou pela crença. Esses valores passam de geração a geração, sem que o sofrimento tenha fim.
A continuidade do amor resulta no prazer, sempre acompanhado da aflição; apegados ao prazer, lutamos para nos desvencilhar da dor. Através da continuidade se busca a permanência e a certeza nas relações.
Ao evitar-se qualquer mudança nas relações, fica-se enredado na sensação opressiva da segurança e na agonia do hábito. E, tachando de amor esse fluxo incessante de prazer e dor, tornamo-nos prisioneiros daquela obsessão. Para escapar ao tédio buscamos refúgio na religião e no romantismo, variável de acordo com as pessoas, que, em verdade, é uma fuga eficaz perante o facto do prazer e da dor. Sem esquecer, é claro, deus, o maior apelo e a derradeira esperança da humanidade, e o qual se tornou tão respeitável e lucrativo.
Nada disto é amor. Não há continuidade no amor; ao contrário da memória, ele ignora o amanhã ou o futuro. As recordações nascem das cinzas do passado, mas o amor é livre do jugo do tempo e desconhece a promessa, a esperança ou o desespero. O cérebro não pode conceber o amor pois este não pertence a nenhuma crença, símbolo ou sentimento. Da sua eterna morte e ressurreição advém a destruição definitiva, o aniquilamento do conhecido, os quais são o próprio amor.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti