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25 de Setembro

25.09.21

A meditação é o desabrochar do entendimento. Ela actua prontamente e nega o lento e gradual processo de acumulação. Sempre inadiável, a compreensão só existe no presente e a sua fulminante e avassaladora acção é motivo de temor consciente ou inconsciente. A compreensão pode alterar o curso da nossa vida, a nossa maneira de pensar e agir. Agradável ou não, ela põe em risco todas as nossas relações, mas, em sua falta, persiste o sofrimento. Este só pode cessar através do autoconhecimento, da clara percepção de todo o pensamento e sentimento, de cada manifestação do consciente e do inçonsciente. A meditação está na revelação da consciência e daquele movimento inexprimível que transcende o pensamento e o sentimento.

O especialista é incapaz de conceber o todo; vive para a sua especialidade, ocupação mesquinha do cérebro condicionado para ser religioso ou técnico. O talento e a aptidão do homem tendem a fortalecer o egocentrismo e sua acção é sempre fragmentada e conflituante. A capacidade humana só tem significado quando a mente atinge a compreensão global da vida. Caso contrário, a eficiência, um dos subprodutos da aptidão individual, torna o seu portador implacável e indiferente à totalidade da vida. O orgulho, a arrogância e a inveja, decorrentes da eficiência em determinada função, nos levam à competição, à desordem, à discórdia e à infelicidade. A plena compreensão da vida traz um novo significado  à actividade humana. Reduzir a vida ao nível estreito e fragmentado da luta pelo pão, pelos prazeres do sexo, da riqueza, da ambição, é fomentar o desespero e o interminável sofrimento. O cérebro opera na área especializada do fragmento, nas atividades egocêntricas, dentro do estreito limite do tempo. Por ser um fragmento e incapaz de ver o todo da vida, por hábil e refinado que seja, o cérebro desenvolve uma acção limitada, parcial. É a mente que contém o cérebro e não ao contrário, e só ela poderá compreender o todo.

A capacidade de ver o todo deriva do acto de negar. Este não é o oposto do pensar positivo visto que todo o oposto contém o seu contrário. Portanto, o acto de negar não admite oposto. Ao negar, o cérebro torna-se apto a perceber o todo e cessa de interferir, com as suas condenações e resistências no curso da vida. Deve ser espontânea a imobilidade do cérebro, pois qualquer espécie de esforço concorre para destruí-lo através da imitação e do conformismo. Do estado de negação surge a passiva imobilidade do cérebro, capaz de perceber o todo; nesse estado, de pura percepção, não existe o observador ou aquele que experimenta; só existe o ver. Então, a mente está desperta, livre da contradição e do conflito, gerados pela divisão entre o pensador e o pensamento. Existe apenas luz e claridade.

Krishnamurti, Diário de Krishnamurti

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