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A ilusão surge quando a realidade perde o seu significado, quando a mente, embotada e insensível, por ter sucumbido às influências e aos hábitos e por estar sempre em busca de segurança, se torna indiferente perante a real beleza do mundo que nos cerca. A busca de segurança através da fama, das relações ou do conhecimento destrói a sensibilidade e concorre para a deterioração. A flor, os montes e o mar revolto, bem como as bombas nucleares, são alguns dos desafios da existência, e apenas a mente sensível é capaz de responder com precisão às questões fundamentais da vida. Esta resposta tem de ser completa e definitiva para que desapareçam as marcas do conflito.
Os chamados santos e “sanyasis” muito têm concorrido para empobrecer a mente e para destruir a sensibilidade. É possível requintar ou aperfeiçoar os hábitos, os padrões repetitivos do pensamento, os ritos, fortalecidos pela crença e pelo dogma, e as reacções sensoriais, mas a lucidez e a sensibilidade fogem ao critério estabelecido pela tradição. Sem sensibilidade é impossível haver o movimento penetrante da compreensão dos mais íntimos recessos da consciência. Esse movimento não exprime uma reacção ao impulso de exteriorizar. A exteriorização e a interiorização formam um só e inseparável processo. Fragmentá-lo é gerar insensibilidade. Sendo natural consequência uma da outra, a interiorização possui uma acção própria e esta, ainda que se manifeste externamente, não é reacção da exteriorização. A sensibilidade consiste na lúcida percepção desses factos.
Krishnamurti, Diário de Krishnamurti