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(...) Não há dúvida de que és uma pessoa imperfeita e sofredora, um homem que desde sempre transporta consigo uma chaga (se assim não fosse, por que razão terias passado toda a tua vida adulta a verter palavras de sangue para uma página?), e as recompensas que colhes do álcool e do tabaco são muletas que te mantêm erguido e a caminhar pelo mundo o teu ser aleijado. Automedicação, chama-lhe a tua mulher. Justiça lhe seja feita - ao contrário do que acontecia com a mãe da tua mãe, a tua mulher não quer que tu sejas diferente do que és. Tolera-te as fraquezas e não se zanga contigo nem te censura, e se se preocupa é só porque quer que vivas para sempre. Contas as razões por que a manténs junto a ti há tantos anos, e essa é sem dúvida uma delas, uma das estrelas cintilantes na vasta constelação do amor perene."
Paul Auster, Diário de Inverno