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... ninguém erra apenas por sua conta, mas simultaneamente instiga e dá origem aos erros dos outros; por isso, é prejudicial seguirmos os nossos antecedentes: como cada um prefere crer a julgar, nunca se desenvolvem juízos sobre a vida, acredita-se sempre, e o erro vai passando de mão em mão, fazendo-nos redopiar e cair. Seguindo os exemplos dos outros, pereceremos; curar-nos-emos, se nos separarmos da multidão. De facto, a turba está, hoje em dia, contra a razão, defendendo o seu próprio mal.
(…)
A humanidade não vai tão bem que as melhores coisas agradem à maioria: a opinião da multidão é um indício do que é pior. Procuremos, pois, aquilo que há de melhor para fazer e não o que é mais comum; aquilo que nos coloque na posse da felicidade eterna e não o que é aprovado pelo vulgo, que é o pior intérprete da verdade.
(…)
Vês estes homens, que louvam a eloquência, que se apegam à riqueza, que adulam os favores, que exaltam o poder? Todos eles são inimigos ou, o que acaba por ser igual, poderão vir a sê-lo: quanto mais admiradores, tanto mais invejosos. Porque não procurar antes algo que tenha um proveito realmente bom, que se sinta, e não algo que apenas sirva para a ostentação? Estas coisa que atraem os olhares, perante as quais se pára para observar, que se apontam ao outro com admiração, brilham por fora, mas por dentro são miseráveis.
Séneca, A Felicidade e a Tranquilidade da Alma