Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Procuremos algo que não seja bom só na aparência, mas sólido, constante e tão formoso quanto mais oculto estiver; desenterremo-lo. Ele não está longe: encontrá-lo-emos, basta para tal saber onde estender a mão; agora, como às escuras, passamos ao seu lado, chegando mesmo a chocar com aquilo que desejamos.
(…)
Entretanto, como é consentâneo entre todos os Estóicos, eu vivo de acordo com a natureza; a sabedoria é não nos afastarmos dela e conformarmo-nos à sua lei e ao seu exemplo. Uma vida feliz é aquela que se adequa à sua natureza, a qual só pode ser alcançada se, à partida, a mente estiver sã e em contínua posse da sua sanidade, e por isso corajosa e vigorosa, harmoniosamente paciente, apta para qualquer circunstância, cuidadosa com o que diz respeito ao seu corpo, sem ansiedade demasiada, diligente em relação às outras coisas que constituem a vida sem ter admiração por nenhuma delas, dando uso às dádivas da fortuna sem se tornar serva delas. Compreendes, mesmo que eu não acrescente mais nada, que daí resulta a tranquilidade perpétua, a liberdade, salvos de tudo aquilo que nos irrita e aterroriza; por conseguinte, aos desejos e às seduções, que são mesquinhos e frágeis, e dos quais até o odor é prejudicial, sucede uma imensa alegria, inquebrantável e inalterável; existe então paz e concórdia na alma, e grandeza com mansidão, pois toda a ferocidade procede da fraqueza.
Séneca, A Felicidade e a Tranquilidade da Alma