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(...) Tende a bondade de experimentar. Primeiro, temos de estar perturbados; e é bem evidente que a maioria de nós não gosta de ser perturbada. Pensamos ter encontrado um padrão de vida — o Mestre, a crença, o que quer que seja — e nele nos instalamos. É como ocupar um bom cargo burocrático e nele ficar o resto da vida. Com a mesma mentalidade queremos lidar com certas qualidades de que desejamos livrar-nos. Não percebemos a importância de sermos perturbados, de estarmos inseguros interiormente, de não sermos dependentes. Por certo, só na insegurança se pode descobrir, se pode ver, se pode compreender. Queremos viver como um homem endinheirado: folgadamente; ele não será perturbado, não quer ser perturbado.
A perturbação é essencial à compreensão, e toda a tentativa de encontrar a segurança constitui um obstáculo à compreensão. Quando queremos livrar-nos de uma coisa que nos perturba, criamos um obstáculo. Se pudermos experimentar um sentimento directamente, sem lhe dar nome, creio que descobriremos nele muita coisa. Então não há mais batalha com esse sentimento, porque o experimentador e a coisa experimentada são um só, o que é essencial. Enquanto o experimentador verbalizar o sentimento, a experiência, estar-se-á a separar dela, para atuar sobre ela; tal ação é artificial, ilusória. Mas, se não há verbalização, o experimentador e a coisa experimentada são uma só coisa. Essa integração é necessária, e tem de ser encarada radicalmente.
Krishnamurti, A Primeira e a Última Liberdade