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Que mal há em estar escondido nesta carne ou noutra qualquer, neste braço apertado por uma mão amiga, e nesta mão, sem braço, sem mãos, e sem alma nestas almas trementes, através da multidão, no meio dos arcos, das bolas? Não sei, o que sei é que estou aqui e continuo a não ser eu, é com isso que tenho de me contentar. Não há carne em lado nenhum, nem nada que ajude a morrer. Esquece isso tudo, querer esquecer isso tudo, sem saber o que isso tudo significa, é fácil de dizer, é fácil de fazer, em vão, nada mexeu, ninguém falou. Aqui, aqui nada acontecerá, aqui não haverá ninguém, tão cedo. As partidas, as histórias, não estão para breve. E as vozes, venham elas de onde vierem, estão bem mortas.
Samuel Beckett, Novelas e Textos para Nada