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Observa bem, ó Homem, não só o teu erro, mas o erro em que, tomado de estupidez, cupidez e ambição, te tornaste! És tu, hoje, ó Homem, uma maligna doença que espalha devastação por toda a Natureza. Exalto com fervores no estômago vazio a ruína do teu mesquinho mundo frenético, febril, insano, sem forma, desordenado. Que mais precisas de ver, quantas mais catástrofes tens de assistir e sofrer? Quantos horrores mais engolir? Quantas valas comuns abrir? Quantas filas de espera de cadáveres em marcha para o fogo eterno são necessárias para saíres da cegueira em que caíste? Olha para os teus satélites: mostram-te, ó trampas deste mundo, que a poluição fenece com o teu sossegar de movimento. É uma doença. Se fosse um meteorito, uma extraordinária explosão solar ou a erupção simultânea de vários vulcões dir-te-ia o mesmo: és nada, és ninguém. Mas vais insistir. Vais continuar. A arrogância, o fanatismo e a destruição correm-te nas veias da tua insensatez e na cabeça cujo endeusado pensamento coroado de insaciável desejo há muito substituiu a verdadeira inteligência. Se ainda nas entranhas e no coração há mínima chama e sentimento, pergunta à fila de cadáveres, aos que a guerra derruba, aos que sofrem a tempo inteiro: que farias tu, ó morto, ó esquecido, de diferente? Eles não são só eles, frios e distantes: eles és tu também.