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D'além Vírus

20.03.20

É este, poderia ser outro. A pandemia do coronavírus vem mostrar-nos, olhos adentro, o sabido, mas cuja ilusão em que de ordinário vivemos, a nos esquecermos se tende: a nossa fragilidade, insegurança e insignificância. Deveria fazer-nos reflectir e pensar nestes dias de espera e pesar: o que realmente importa nas nossas vidas, o que é ela afinal, que sentido e significado lhe damos? Questionar as nossas condutas, comportamentos, pensamentos. Interesses, ambições, ansiedades, toda a caterva de emoções e sentimentos não raro infectados de desnorte que nos arrastam para doentios estados mitigados por vezes a vícios e anti-depressivos. O inferno que compramos para nós mesmos e para os outros, as vivências conflituosas e egocêntricas. Todas as guerras travadas, as injustiças praticadas, a corrupção de Estados e de almas, as maldades feitas em defesa de um “eu” malparido e maltrapilho atulhado de crenças, preconceitos, de mil razões & opiniões confusamente formadas que nos arrastam para a competição alienada. O deus Ter em toda a sua macabra exaltação, louvado, adorado, bajulado. Num mundo em que a grande maioria de nós faz o que não gosta, vive insatisfeito consigo e com os outros, em permanente estado ora de ataque ora de defesa, psiquicamente desequilibrados, o pânico gerado por um agente infeccioso torna-se ainda mais irracional, mais insano. Temos de sentir medo, porque é no medo que vivemos e sem ele não sabemos sequer quem somos. Temos de viver na esperança de que tudo vai mudar por obra do acaso, dum deus ou (des)governante porque abrir os olhos, ver as coisas como são, olhar para si mesmo e para o mundo com coragem, honestidade e clareza, ter consciência o mais viva possível do Todo, isso é trabalho em que não se consegue aventurar. Vive-se em estado de ilusão profunda, artificialidade e superficialidade confrangedoras, no umbigo próprio enrolados, semi-mortos na verdade, mas com muito medo da morte orgânica. Não será este um estado virulento a merecer sério empenho na sua erradicação?

cachimbada

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